terça-feira, 5 de março de 2013

REVOLUÇÃO DAS CÉLULAS SOLARES

O novo processo cria os componentes semicondutores em nanopartículas

    
Todos os circuitos integrados - dos chips aos processadores em particular - são fabricados a partir de grandes "bolachas" de silício - os chamados wafers. Tecnicamente, a "bolacha" de silício é o substrato onde são "moldados" os transistores e outros componentes eletrônicos, por um processo chamado litografia.

A partir disso, uma equipe sueca descobriu uma forma de fabricar um transistor sem precisar do substrato. Trata-se de uma inovação de processo, uma vez que a técnica tem potencial para transformar a forma como os circuitos eletrônicos são produzidos, permitindo com que eles sejam fabricados de forma mais rápida e, portanto, os custos sejam reduzidos. "Quanto eu sugeri a ideia de dispensar o substrato, o pessoal do meu laboratório disse 'Você está louco, Lars; isso não funcionará'," lembra Lars Samuelson, da Universidade de Lund.

O que se esperava aconteceu

"Ao testarmos o princípio em um forno adaptado, a 400°C, os resultados foram melhores do que poderíamos sonhar," disse ele. A ideia fundamenta-se em utilizar nanopartículas de ouro como um substrato temporário - e retornável - a partir do qual os semicondutores crescem na forma de nanofios.

O princípio é um avanço em relação a um trabalho anterior da equipe, quando foi possível controlar o crescimento de nanofios em escala atômica. Os nanofios são fabricados de forma controlada e com muita precisão

Sementes de ouro

As nanopartículas de ouro ficam suspensas livremente em um gás contendo os elementos necessários para o crescimento dos cristais semicondutores - silício, gálio, germânio etc. Desta forma, em vez de escavar os componentes eletrônicos em um substrato de silício dopado com esses materiais, os componentes são literalmente semeados, crescendo conforme fluem pelo interior do forno.

O crescimento dos semicondutores é controlado pelo tamanho das nanopartículas de ouro que servem de "semente", pela temperatura e pelo tempo que elas permanecem no gás. Depois de coletados, os nanofios podem ser depositados sobre qualquer material que sirva adequadamente ao propósito que se tiver em mente, podendo ser vidro, metal ou mesmo materiais poliméricos.

Células solares

O processo, além de ser extremamente rápido, é também contínuo. A fabricação atual de substratos é feita em lotes, sendo por isso muito demorada. No momento a equipe está trabalhando em uma técnica para tornar mais eficiente a coleta dos nanofios. Segundo eles, o novo processo deverá estar pronto para a indústria em cerca de dois anos. No entanto, eles prometem uma versão do processo para fabricação de células solares, que são mais simples do que os circuitos eletrônicos, embora utilizem os mesmos materiais.